Alerta para o morcego transmissor da raiva
Moradores do interior de Jacuizinho estão em alerta com o morcego hematófago que pode estar atacando os animais durante a noite. Transmissor da raiva, o animal tem sugado o lucro dos criadores.
Preocupada com a situação, a secretaria de agricultura do Município preparou uma equipe de busca, para encontrar as furnas onde os morcegos poderiam estar alojados. O grupo contou com o secretário de agricultura Cláudio Vieira, o chefe da Inspetoria Veterinária de Espumoso e do Posto Veterinário de Jacuizinho João Luiz Osório Monteiro, a médica veterinária da 9ª Coordenadoria de Saúde com sede em Cruz Alta Aline Escarpeline, com o Médico Veterinário da secretaria de Agricultura de Jacuizinho Simão Zanfonato, funcionários da Prefeitura de Jacuizinho e moradores.
Após fazer revisão em 5 furnas nas localidades de Pantaninho e Borboleta, a equipe não encontrou vestígios de morcego e acredita que eles possam estar localizados no outro lado do rio Caixão, no município de Tunas
Cláudio Vieira comenta que essa enfermidade gera prejuízos consideráreis às cadeias produtivas, além de colocar em risco as pessoas que trabalham e convivem com estes animais.
Medidas para combater a raiva:
Conforme o Médico Veterinário Simão Zanfonato, os sinais clínicos iniciais são bastante inespecíficos e incluem apreensão, ansiedade, pelos uriçados e dilatação das pupilas, fase em que os animais podem apresentar um pouco de excitação e agressividade, seguido de depressão. “Os sintomas mais característicos da raiva nos herbívoros se manifestam em seguida e incluem transtornos locomotores, caracterizados por dificuldade de movimentação nos membros posteriores, evoluindo para paralisia progressiva (animal deita e não consegue se levantar, ou, quando consegue se movimentar, arrasta os membros posteriores), seguindo-se por decúbito permanente (animal constantemente deitado)” como é o caso de uma vaca encontrada na localidade Pantaninho, aponta Zanfonato, acrescentando que ainda pode-se observar a perda de apetite, mugidos roucos, salivação abundante e fezes ressequidas e escassas e, de três a cinco dias após o aparecimento dos sintomas os animais vêm a óbito.
De acordo com o especialista, a raiva é uma doença grave, com índice de mortalidade próximo a 100% e que acomete diversos animais, inclusive o homem (zoonose).
A notificação de suspeita ou ocorrência de casos de raiva é obrigatória e deve ser feita pelo proprietário dos animais a Prefeitura de Jacuizinho, que deverá tomar as medidas cabíveis. “Cabe ao proprietário notificar também a presença de animais apresentando mordeduras por morcegos e informar a existência de abrigos desses morcegos. A não notificação coloca em risco tanto a saúde dos rebanhos da região como também a saúde humana”, alerta Cláudio Vieira.
Em caso de confirmação da raiva, uma equipe do Serviço Veterinário Oficial deverá se deslocar para a propriedade para que a investigação epidemiológica se inicie em até 24 horas após a notificação. “O controle deverá ser intensificado num raio de até 8 quilômetros do foco. Se outros animais vierem a óbito nessa área durante a investigação epidemiológica, caberá ao médico veterinário oficial realizar a necropsia e a coleta de material para exame laboratorial”, explica a Médica Veterinária Aline E\scarpeline, alertando que não existe tratamento para a raiva nos animais.
Vacinação e controle do morcego
A doença é altamente letal e seu curso é rápido, o que leva os animais a morte em até 10 dias após o aparecimento dos sintomas. Por isso, a importância de medidas preventivas, que incluem a vacinação de animais susceptíveis e controle populacional do morcego.
A vacinação é obrigatória quando há ocorrência da doença e deve ser adotada em bovinos e eqüídeos com idade igual ou superior a três meses, sendo que deverão ser revacinados 30 dias após a primeira vacinação e, após, vacinados anualmente.
A outra medida preventiva é o controle do morcego, que dependerá da espécie envolvida, da topografia e de eventuais restrições legais (áreas de proteção ambiental, reservas indígenas e outras).
Cuidados com a manipulação dos animais mortos
Lamentavelmente, após o aparecimento dos sinais clínicos da raiva, os especialistas afirmam que nada mais resta a fazer, a não ser isolar o animal e esperar sua morte, ou sacrificá-lo na fase agônica, atentando-se que essa carne nunca deverá ser aproveitada e que a manipulação da carcaça oferece risco elevado, principalmente pela manipulação do cérebro ou da boca dos animais. “Caso a manipulação já tenha sido realizada deve-se procurar imediatamente um Posto de Saúde para atendimento, já que, em humanos, pode ser feita a vacinação pós-exposição para evitar a progressão da doença e o aparecimento de sintomas”, orientam.
Outra orientação, é para que as carcaças não fique a céu aberto e que não sejam arrastadas para evitar contaminação da área, sendo recomendável colocá-las sobre um veículo, e transportá-las até o local onde serão enterradas a uma profundidade que permita uma cobertura de aproximadamente 1,5 metros de terra sobre elas, local este, distantes de cursos de água.
De acordo com o Departamento de Defesa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Seapa/RS, a raiva herbívora é uma doença viral, zoonótica e fatal que tem demandado atenção especial do governo do estado.